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SK Tarpon
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1346 dias atrás

ESG: A aceleração do “E” pós-Covid. O ponto de inflexão está próximo.

Por Zeca Magalhães, co-fundador da SK Tarpon

Algumas vezes, ao longo da história, experimentamos momentos em que a sociedade e as práticas empresariais e institucionais convergiram de forma a se retroalimentar positivamente, gerando potência e evolução nos âmbitos ambientais, sociais e de governança.

Quando melhores formas de atuar são recompensadas pela sociedade de maneira pragmática, essa mágica acontece: conflitos se transformam em oportunidades. Por exemplo, dentro do S (social, do ESG), 20 anos atrás, a Amazon adotou a linha de ser a empresa mais focada no cliente do mundo, abrindo mão da lucratividade.

Os acionistas de longo prazo se beneficiaram dessa estratégia pouco óbvia à época e, então, uma das maiores histórias de criação de valor aconteceu. Muitas empresas seguiram o exemplo e hoje tentam colocar o cliente no centro.

A sociedade se beneficiou com preços menores, mais escolhas e conveniência.

No Brasil, dentro do G (governança), o Novo Mercado gerou um incentivo concreto para empresas na bolsa de valores pela melhor precificação das ações ao alinhar interesses de acionistas controladores e minoritários, promovendo classe de ações única e criando regras de proteção adicionais.

Novas emissões e boa parte das empresas migraram para esse segmento. Atualmente, a aceleração que estamos vivendo está no “E”, o meio ambiente, em relação à forma como a sociedade começa a recompensar as contrapartidas entre a saúde do planeta e das empresas, bem como dos consumidores.

Os desafios econômicos, sociais e de saúde física e mental derivados da pandemia aceleraram tendências pré-existentes na sociedade. Os temores sobre as limitações e a fragilidade da vida foram ainda mais intensificados; os incêndios florestais generalizados em 2020 reforçaram preocupações sobre as mudanças climáticas e, principalmente, a tecnologia tornou-se mais poderosa e disseminada, criando possibilidades de integrar meio-ambiente e crescimento, sustentabilidade e eficiência.

As energias renováveis (eólica e solar) já eram reconhecidas como a melhor fonte de energia para o meio ambiente, mas só recentemente se tornaram mais baratas e eficientes, consequentemente, mais lucrativas. A inovação e a sociedade (consumidores) estão desempenhando um papel fundamental, assim como reservatórios hídricos e baterias deverão desempenhar no futuro, para gerenciar a natureza intermitente das energias renováveis, promovendo uma transição ampla da matriz energética dos países muito antes do esperado.

Criada por nós em 2008, a Omega – maior empresa brasileira de energia renovável – passou oito anos gerando retornos insuficientes quando comparado às alternativas à base de combustíveis fósseis.

Isso aconteceu até meados de 2016, quando avanços tecnológicos, a demanda crescente e ganhos de escala permitiram a combinação entre maior retorno e fontes limpas e sustentáveis.

Então, aceleramos nossa expansão, quadruplicando a capacidade de geração de energia nos últimos 3 anos, para 2 GW/h por ano. Lógica semelhante utilizamos para adquirir a Agrivalle recentemente, empresa referência em controles biológicos – produtos alternativos (e complementares) no combate de pragas nas fazendas, reduzindo o uso de agrotóxicos.

A utilização de microrganismo, como bactérias e fungos naturais, tem se mostrado não somente superior para a natureza e solo, mas com melhor custo-benefício (menos aplicações e resistência da praga) em um número crescente de culturas e doenças. Com produto melhor mais fazendeiros adotam as soluções, mais capital é investido.